sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Plátanos: é pena que não “falem”…



Terei os meus motivos para gostar do Outono, embora os desconheça. Talvez as folhas caducas exerçam sobre a minha sensibilidade algum efeito estético – de outro modo, como poderei explicar a minha atracção pelas folhas amarelecidas? Se o chão está atapetado com exemplares do tamanho da palma da minha mão, ou maiores, gosto de os pisar sem pressas, atento à surpresa de um encontro com o mais bonito. Difícil é a escolha - são todos agradáveis à vista!
Os passeios solitários sobre as folhas dos plátanos descansam-me o pensamento das coisas menos agradáveis; agora, preocupo-me com o futuro da aldeia onde nasci. Ainda que reconheça que a minha freguesia estagnou por razões que me dispenso de esmiuçar, tenho alguma dificuldade em aceitar as regras que, segundo o “Documento Verde”, lhe vão retirar o seu estatuto autárquico.
Estou junto à ponte que atravessa o rio Alva. Do lado de lá, começa outra freguesia, de onde nos separámos há oitenta e oito anos. A minha aldeia, desde 1888, ano da inauguração da ponte, cresceu de tal modo que suplantou a vila; emancipou-se e mostrou vontade de “caminhar o seu próprio caminho”. Assim o entendeu o povo, o Governo da época aceitou a separação das duas povoações, e o resto pertence à História…
Aqui, os plátanos são testemunhos vivos das quezílias entre os residentes de ambos os lados da “fronteira”. É pena que não “falem”…

2 comentários:

Bernardosax disse...

Amigo, os Plátanos não falam, vamos nós falando por eles,enquanto nos deixarem,como cantava o Zeca Afonso,eles comem tudo e não deixam nada.Como os platanos vamos morrer de pé.

João Silva disse...

Boa tarde amigo Carlos e cordiais saudações a todos os Barrilenses!
É o Outono a estação de preferência das pessoas mais sensiveis e se bem que tristes, as cores são as mais romanticas e nostalgicas do ano.
Em relação ao livro verde, a insensibilidade do governo central dá mais um exemplo de como se vai minando o interior do país,e o ajuda a desertificar cada vez mais! Portugal, está cada vez mais assimétrico, e os valores e ideais que norteavam este país vão-se esvaindo na medida da desertificação humana de toda uma região!
Esperemos que o livro verde não passe de isso mesmo,um livro e nada mais!
Um forte abraço para ti Carlos.